Sinto frio




"Tô cansada dessa boca seca, desse gosto amargo
Cansada do tempo e de tudo que é desnecessário.
Tenho arrepios pela espinha que me dão mais medo que antes
A vida que encontro em mim já não vale a partida
Oblíquos sentimentos em olhares desavisados
Já vejo em mim a dor antes sentida, os anos passam e a dor segue a mesma

Essa centelha infeliz que cresce por minhas entranhas
Esse sentido escondido
Esse véu que coloquei sobre tudo agora cai
Tudo se esvai e o que fica é a ferrugem de uma alma imutável

- Sinto frio."

(Maria Clara Carrilho.)

Vontade



"Vontade da tuas mãos apertando minha cintura e deslizando pelo meu corpo.
Saudade da tua força quando puxa-me os cabelos e me segura dizendo que sou tua.
Tenho febre em pensar nos teus beijos, na tua boca e na sua falta de pudor, sussurrando-me coisas ao pé do ouvido.
Esse frio que arranha meu corpo quente e esse calor que não passa, dentro de mim."

- Maria Clara Carrilho.


Te juro versos, não rimas.




"Te juro versos, mas não rimas.
Canso-me de achar palavras que combinem
Prefiro palavras que se encontram, se confrontam e se atraem.
Minha letra merecia escrever cartas até que os punhos doessem,
Numa sangria de palavras soltas nessas folhas despretensiosas.
Não penso, deixo como está.
E se lugar nunca pareceu tão bom e tão rápido.
Esse mundo de porens e entretantos cheios de talvez me fazem pensar no tempo que não temos,
Mas tememos o fim e mesmo assim, seguimos vivendo como se fossemos imortais.

Imortalidade vazia, crua.
As páginas não irão virar-se por si sós."



- Maria Clara Carrilho.

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